31 julho 2011

O Casarão




O tempo amanheceu com sol, após três dias de chuvas intensas...

Não mais me detive com a curiosidade espicaçada pela antiga construção que da minha janela eu avistava. Desci e arvorei-me na aventura de ir até lá, e em poucos minutos encontrava-me percorrendo o estreito caminho sombrejado por árvores de copas frondosas.

O trinar dos pássaros esvoaçantes a comemorar aquele dia de festiva alegria era o que se ouvia por aquelas paragens.

Após alguns metros de caminhada, a escadaria tornou-se visível... As pequenas colunas escurecidas pelo lodo e a quantidade de folhas caídas atestavam que o abandono do casarão já fazia algum tempo.

As plantas do canteiro, no sopé da pequena escadaria, misturavam-se às ervas daninhas que cresceram com o tempo.

Percorri a área contígua à escadaria e avistei dois grandes janelões e uma enorme e pesada porta de madeira. Tentei abri-la com um movimento em sua maçaneta, mas não obtive sucesso...

De uma fresta de um dos janelões, pude espiar o interior do casarão. Uma ampla sala, com teto e piso de madeira. À esquerda uma escadaria bem larga, levava ao piso superior, que eu julgava abrigar quartos e banheiros. Mesmo sendo de boa madeira, pude perceber algumas avarias, conseqüências fatais do tempo. Alguns lustres de estilo muito antigo, ainda pendiam do teto, parcialmente destruídos...

Observei, de onde eu estava, que a hera formava um verde e viçoso tapete na balaustrada, bem como no vão dos janelões.

Uma arquitetura notável, que lembrava os velhos casarões da antiga Europa.

Fiquei a imaginar, o apogeu daquela belíssima moradia. O primor com o qual deveria estar revestida a organização dos seus cômodos. Quais seriam as características de seus moradores. Quantos empregados exigiriam a sua manutenção diária. Onde estariam?

Estava eu a divagar, quando um súbito barulho, que eu não soube bem precisar, se fez ouvir, oriundo do interior da casa. Tamanho foi meu susto, que a única coisa que passou pela minha mente, foi sair em desabalada carreira. Desci a pequena escadaria exterior, quase sem pisar nos batentes, e pus-me a demandar o caminho estreito de volta... Ao olhar pra trás, ainda correndo, pude avistar de um dos janelões laterais, como que um vulto, no andar de cima... A precisão foi mínima, devido à sujeira acumulada nas vidraças. E voltando pra casa, fiquei a imaginar, se a imagem difusa que avistei foi irreal, devido ao medo e à excitação, se foi o vulto de um ser humano ou vulto de algum antigo morador que, irritado com minha presença, tratou de me afastar dali...

O que sei, é que não fiquei lá pra constatar essa macabra dúvida, mas de resto falo, que nunca mais porei meus pés naquele local de rara beleza, mas assustador...

Karina Alcântara

 

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