30 janeiro 2011

Aprendizado



O fardo que me pesa nos ombros
O sustento com a fé que de mim emana

As lágrimas que de mim escorrem,
As enxugo com a esperança que me assoma no peito

As dores que me visitam o ânimo
As minimizo com o bálsamo da caridade

Porque resta-me a certeza incontesta:
Que o muito que se subtrai de mim
Nas possibilidades que permito,
É pouco no aprendizado que me edifica...

Karina Alcântara

Reconstrução


Minha amplitude se renova
A cada alvorecer de esperanças
Ladeadas por um sonho novo
Da paz que se fez lembrança.

Fazes de mim meu tormento único
Do muito que te possibilito agir
Se nas fibras não desfaço o jugo
Irei por vias sinuosas seguir

Construo com erros e acertos
O aprendizado salutar
Dores e risos me banham a alma
Meu resumo particular...

O tempo, verdugo e conselheiro,
Faz-se irreverente em meu ser
Profilatiza futuros desenganos
Urdindo um novo renascer.
Karina Alcantara

23 janeiro 2011

Partidas...


Olho para dentro de mim...
Sinto a saudade aprisionar minha quietude.
Não mais contemplo gestos simples,
Falas destituídas de rebuscamentos,
Risos cristalinos ecoando,
Ou lágrimas dolentes sendo enxugadas...

Saudades que viraram lembranças.
Ainda vivificam em mim.
Os afetos mais caros ao meu coração...
Não mais os terei perto...
Não mais os verei perto...

Foi com a esperança de tornar a vê-los,
Que os perdi...
Sem a oportunidade da despedida...

Na hora extrema da partida.
Dizer o adeus dolorido..
Ou de se pedir o perdão desejado...

Tudo é tempo, tudo é certo,
Não percamos preciosas oportunidades
De doação afetiva
Aos que nos são inteiros em nosso ser...

Karina Alcântara



11 janeiro 2011

Introspecção



             São nas horas mais silenciosas, que viajamos no nosso interior, interagimos com nossas perspectivas, argumentamos com nossas possibilidades e gerenciamos os fatos já concretizados, frutos de nossa racionalidade ou intemperança...
             A reflexão e a ponderabilidade nos suscita a reformulação dos paradigmas e condicionamentos que já tornaram-se há muito desnecessários em nossa vida, mas que tiveram seu papel no nosso processo de maturação e reforma pessoal.
             A verdade é que, muito de nossa essência não cabe em palavras, nem conceitos. Pouco de nós é visto ou falsamente interpretado pelos que desconhecem a maestria de desvendar a inteireza do outro de forma gradativa. Os conceitos apressados pouco devem importar, pois somos aptos a acolher a concepção maturada daqueles que nos são caros em estima, ainda que, por algumas vezes, eles não nos vejam na nossa mais intensa completude e significância... Por ainda não nos permitirmos por completo...
             Sejamos para nós e para os outros, o que somos em essência... Vivamos livres de atavios morais que não fazem parte de nós... A vida não é uma encenação, antes, uma realidade...
             Sermos presas de nós mesmos exige por demais abstração de algumas convicções interiores. Desapegar-nos do que algema, exige a reconcretização de valores arraigados que porventura se transmutaram no decurso do tempo e das circunstâncias...   
             Sermos nós em nossa plena essência exige a congruência de nossos valores e princípios, exige a busca constante de nossos arquétipos emocionais... Exige de nós, sermos nós mesmos, independente de como os outros nos traduzam...
             Somos livres para viver da forma que nos faz realizados, plenos.
            Que os outros enxerguem o que de melhor temos para servir-lhes de referencial. Que enxerguem da mesma forma, o que de pior temos, e nos sirvam de referencial com o que de melhor eles tenham...
             Sejamos sempre assim, nós mesmos, na nossa íntegra essencialidade...

Karina Alcântara

Tempo de reflexão!


 
 Estamos o tempo todo experimentando oportunidades para transformarmo-nos internamente, despindo-nos da velha carcaça de hábitos e valores há muito enraizados, seja porque não mais nos são úteis ou porque nos podam a flexibilidade de iniciativas de mudanças.
Tempo de reflexão, tempo da espera...
Permitamos que o outono se faça dentro de nós ensejando-nos transformações. Sejamos como uma árvore frondosa, que às primeiras lufadas do vento frio outonal, permite-se à sua muda...
Primeiramente cobre-se de tons acobreados e dourados, aquarelando a paisagem, com um belo espetáculo digno de platéia. Analogamente, esse acontecimento nos remete à situação de reflexão interior, que deve ser alimentada dentro de cada um de nós. Remete-nos ao reconhecimento de que os excessos nos pesam na bagagem e que precisam ser minimizados.
A perda das folhas segue-se, numa profusão de incessante obediência à lei natural. Metaforicamente falando, processam-se em nós a perda de condicionamentos há muito arraigados em nosso íntimo. Despojamo-nos de tudo o que nos trai, nos aniquila, nos impede o conhecimento. Como a árvore que livra-se de suas velhas folhas...
O inverno gélido a vergasta, e ela desnuda, oferece-se ao flagelo da natureza resistindo heroicamente às rajadas impetuosas do vento intempestivo. Humildemente dobra-se ao açoite do algoz, que a subjuga e mostra todo o seu poderio devastador. Da mesma forma, nos curvamos ao peso regenerador de nossas aflições, dobrando os joelhos em prece sentida enquanto as lágrimas nos banham a alma... E vemos quão pequenos somos sem Deus, quão vulneráveis ficamos diante dos desafios e desalinhos, muitos deles, provocados por nossas invigilâncias....
Mas, como pela lei divina tudo se transforma, após o inverno de aflições, chega a primavera, e com ela, a vida estuante com suas cores singelas...  A transformação se completa em sua grandeza maestrina. O homem velho destitui-se de sua antiga roupagem para revestir-se de outra mais substanciada em novos atributos, em nova essência, em um novo ser...
E assim marchamos, urdindo novos propósitos, alinhavando em nós a esperança, buscando a cada dia sorvermos o néctar provedor de nossas expectativas, na ponderação e na proporcionalidade do amor. Ei-nos então, ressurgidos.

Karina Alcântara