25 dezembro 2011

Salvação


Quando encontro-me infeliz
Nos braços tortuosos da tristeza,
Tu vens silencioso e me acalenta
Serenando-me a alma opressa...

Quando de súbito me vês
A consumir-me em pranto sentido
Vens novamente ao meu encontro
A consolar-me o desatino...

Quando novamente me encontras
Com a alma insone em divagação,
Infundes pressuroso na minh’alma   
A benção balsâmica da oração...

És tu, ó meu anjo,
A resgatar-me em sublime missão...

Karina Alcântara
.


10 dezembro 2011

Tenuidade


Sou livre, sou leve
Feito o farfalhar das folhas secas
Feito o vento nas campinas
Ou o bater de asas das borboletas...

Tenho a leveza do pensamento
A içar-me da crueza do dia
Nas horas vazias do tempo
Fazendo em mim nostalgia.


Karina Alcântara

22 novembro 2011

Rosa



Se a vida corre pontuada
Por entre cores e amores,
Desfolhando a esperança
Abrigada em ardores.

Se a rosa existe
Em sua singular beleza
Casta, intocável e rara,
Em nostálgica singeleza.

A fugacidade do ser existe
Na contemplação da vida
Fugidia luz que trespassa
O horizonte da esperança...

Karina Alcântara

07 novembro 2011

Intempéries





Intempéries emocionais,
No frescor outonal
Emolduram o cenário íntimo.

Entre as sombras da razão
Vislumbro retalhos de mim.

Em cada folha, uma história
Levada pelo vento da vida.

A metamorfose da alma acontece
Dando sentido e harmonia...

Karina Alcântara



30 outubro 2011

Alquimia




O cheiro que me trespassa
A alma sentimental
A soprar do jardim das recordações

É o cheiro que me fascina
O íntimo inquieto
Feito fogo a me depurar...

O cheiro que me faz letargia
No pensamento fugaz
É o que silencia minha voz
E faz gritar meu peito...

Em pretéritas alquimias...

Karina Alcântara

19 outubro 2011

Vivência

Ando a ermo...
Qualquer direção que sigo, é o rumo certo para a incerteza do coração.
Sinto o vento sibilar, levando de mim o frescor dos meus sonhos...
A réstia do ser que me sobra, inunda-me de pranto e saudade.
Meus olhos fartos de desilusões impulsionam-me ao horizonte das minhas esperanças. Ainda que me faltem...
Sou errante, a vagar entre minhas proposições e desacertos.
Sou arte feita a ser arrematada em cada vivência, em cada lágrima, em cada sorriso...

Karina Alcântara


Fina arte

Tanta arte...
Faz pena degustar...

18 outubro 2011

Encantos


O doce esplendor da manhã
Emoldurado por aromas frutais,
Convida para fino repasto
Entre encantos naturais...

Karina Alcântara

16 outubro 2011

Lembranças




Na penumbra de mim,
Recolho parcas imagens
Do que significou a eternidade...

Como folhas soltas ao vento
Na brisa fria do passado,
Perpassa em minha face

Feito seda desbotada
Alegorias em retalhos
Do que foi minha ventura...

Karina Alcântara


Chamado



A vida nos condiciona a exercitar
No tempo certo da semeadura
O que de certo nos apruma o sentido.

O que nos direciona e vitaliza
O íntimo arguto e sedento,
De trabalho e caridade

Faz de nós instrumentos no tempo
Na seara divina de bênçãos...

Karina Alcântara

09 outubro 2011

Repasto


Na doce frugalidade
Do ocaso veranil,
O apelo da arte faz sentido.

Aos meus olhos atônitos,
Indelével pujança do aroma
Empresta lugar ao deleite...

O prazer da saciedade
Embota os sentidos faltos
De um repasto divinal...

Karina Alcântara


Bordado da vida





Se é no bordado da vida
Onde alinhavo emoções contidas.
É à alma umbrada que sobra
A quedar-se em perspectivas.

Tão rudes quanto o lajedo inerme,
Tão reais quanto a brisa fria.
Que na pulsilanimidade das horas seguem,
A me tornear a razão sorvida...

Karina Alcântara

06 outubro 2011

Tempo transcorrido

Tempo transcorrido.
Idéia que se ausenta.
Fatos descorados
Pela fuligem das esperas.
Como folha solta
Que corre a ermo.
No ocaso dourado
Das minhas lembranças...

Karina Alcântara



15 setembro 2011

Amor de avó e neta



          Por vezes gratidão e reconhecimento tomam forma de mulher, a partir dos tempos idos de criança...

          O dourado das madeixas loiras de tão pueril criança, soltas pelos pequenos ombros ao correr pelo longo corredor... As pernas ainda curtas atestam a fragilidade de seus passos. O sorriso largo e cristalino ao receber os mimos e presentes doados pelo coração de avó... Os bracinhos ainda eram muito curtos para retribuir as manifestações de afetos recebidas. Mas sem saber, já agradecia com sua infantil presença.

         O calendário do tempo corre inexorável traduzindo as mudanças no corpo e na alma... Vemos que a madureza dos corpos corre em progressão aritmética, pois enquanto para uma descortina todo o horizonte de realizações e projetos pessoais, para a outra em contrapartida, a desaceleração da coordenação física é visível.

        A candura e paciência da neta querida põem à prova o afeto recíproco, urdido por longos anos... Se outrora, aquela pequena criança foi alvo dos cuidados e atenção da avó dedicada, agora o cenário da vida se inverte, e o que vemos claramente, é a gratidão e o amor tomar forma e significado. Agora, não mais os pequenos passos do pretérito no longo corredor. Agora eram passos mais longos e firmes da acadêmica em Medicina, que adentram a velha casa, que fora o cenário de tantas recordações... O mesmo olhar, o mesmo sorriso, os mesmos elogios de um coração que mesmo nas adversidades da vida, nunca esqueceu de amar, a recepcionam. A balsamizante bênção lhe conforta o íntimo e lhe fortalece para os embates do dia a dia. O almoço e o sono antes de voltar pra mais uma bateria de aulas, lhe revigoram...

      Quantos encontros, quantos passeios ao shopping, quanta cumplicidade escondida pela sombra do tempo...

      O destino é tão imprevisível quanto irônico. Um trágico incidente, põe mais uma vez à prova tanto amor e dedicação da neta... Foram dias de zelo, cuidado e doação... O sofrimento no coração descompassado pela dor e pela dúvida acerca do tempo que ainda restava... Quantas lágrimas enxugadas às escondidas... Quantas esperanças confidenciadas em sentidas orações. Até que um dia, teve Deus a certeza do chamado que iria fazer...

      A dor lancinante tornava frágil o coração de menina pela perda de sua grande amiga, que foi levada pelas asas do tempo. Não mais o sorriso, não mais o aconchego, não mais os lentos passos dados em sincronia com sua querida avó... Agora, é só saudade...

     Floripes, ou sua doce Flor de Lis, que se desprendeu do jardim familiar e ainda hoje, paira acima de sua saudade...

 

Karina Alcântara

14 setembro 2011

Calmaria...



A brisa suave acariciava-me a fronte.
Olho para o infinito e me reporto...
Ao doce acalanto do azul impávido,
Deixo-me embalar em doces vagas...

Calmaria...

Leve torpor me vence a alma,
Entrego-me a mansa letargia que me resta.
Passando por horas esquecidas, sigo
No pensamento que me leva...

Em silente calmaria...

Karina Alcântara



06 setembro 2011

Outono


O outono tingira a paisagem com seus tons dourados.
Ao espraiar-se o olhar sobre o horizonte, distinguia-se claramente, a amálgama de tons outonáceos na planície de plátanos.
A cada bafejar da brisa fria da tarde, punha a se formar um rico tapete como que rebordado em ouro, a se estender no solo.
O sol ainda teimava em ostentar a calidez dos seus raios, na sua despedida rotineira.
O silêncio total reinava soberano naquelas paragens...
Ali era o local ideal para viagens contemplativas, usando-se o recurso da meditação.
Chegavam aos meus ouvidos, a cada passo articulado, somente o farfalhar surdo das folhas secas deitadas no solo úmido.
O caminho levava a uma alameda cuja sombra fazia-se penumbra.
Finalmente avistei as galhadas baixas da árvore da minha infância. E logo adiante, repousando em águas tranqüilas, o velho barco, que tantas recordações agora me proporciona.
Por uns instantes, estaquei com os olhos úmidos a mirar o lago, como a aguçar em minha mente a paisagem da época dos folguedos da infância, onde vínhamos no verão para passeios de barco e mergulhos inesquecíveis...
Lembranças que me refazem o íntimo...
Quase posso ouvir os gritos e o riso fácil e cristalino a ecoar por entre os arvoredos.
Um tempo que vai longe, mas que ainda hoje é terapêutico nas minhas reminiscências.
Sentei-me no barco e fiquei a divagar por algum tempo, como a experimentar novamente as velhas sensações de um tempo mágico.
Então, despertando do enlevo, pus-me ao caminho de volta, e quando alcancei a casa, as primeiras estrelas já apontavam no firmamento...

Karina Alcântara

03 setembro 2011

Primeiro amor

No olhar, o primeiro encontro...

A cumplicidade se estabelece entre as coincidências do magnetismo que funde dois corações.

A vida segue em confidências silenciosas.

Sonhos em plena vigília povoam mundos particulares.

O anseio e a saudade mesclam-se na euforia do amor

Que por vezes num misto de dor e alegria,

Remete-nos ao paraíso...

 

Karina Alcântara 

Papillons


Quisera eu ter a leveza de tuas asas,            

E voaria livre por entre os prados dos meus sonhos.

Quisera eu ter a leveza de tuas asas,

E desbravaria cantos e encantos reservados ao meu coração.

Quisera eu ter a leveza de tuas asas,

E roçaria de leve a beleza de tua alma...

 

Karina Alcântara

02 setembro 2011

Doce prazer



As cerejeiras estavam carregadas...

Logo que se abria a porta da cozinha era o cartão postal que se avistava. Dava gosto de se ver, carregadinhas de frutos.

As galhas baixas salpicadas de um vermelho vivo e intenso, chegava a dar água na boca!

Foi a primeira providência da manhã... A idéia já começava a tomar forma e passando o braço na cestinha de vime, dirigiu-se ao quintal da casa.

O dia amanhecera sereno e o cheiro úmido ainda recendia aos olfatos mais sensíveis.

A noite passada havia sido demasiado fria e ainda podia ver-se ao longe, nuvens carregadas, prenunciando aguaceiros próximos.

Não titubeou e pôs-se a passos firmes, demandando o caminho que conduzia às cerejeiras.

O vento lá fora, apesar de ameno, soprava frio, e fazia com que as faces de Helena ruborizassem.

As botinas estavam umedecidas pela relva molhada, mas foram confeccionadas com material próprio para aquela situação. Tão surradas e cheia de histórias...

Enfim chegou ao seu destino e pôs-se ao propósito a que se submetera. Em curto espaço de tempo, a cestinha já estava abarrotada de cerejas de casca lustrosa e de uma cor viva que instigava qualquer criatividade... Mas ela já tinha em mente o projeto culinário a que iria submeter-se e aprestou- se a retornar para casa e preparar o repasto da manhã.

Sim, faria a tão desejada torta de cereja, que, logo, logo despertaria os que ainda encontravam-se adormecidos...

 

Karina Alcântara

31 agosto 2011

Limonada



Limonada...

Refrescância que anima diante do calor abrasante.

Uma ótima pedida para os dias ensolarados de Teresina...



28 agosto 2011

Viver

Dia de festa!!                      

O colorido faz pouso em meu íntimo.

A insipidez cede lugar ao adocicado da vida.

Devesse pois, o existir basear-se em cores e sabores.

Daí seria tão fácil extrair da alquimia a felicidade da vida...

Karina Alcântara

            

Desbravar



A liberdade para desbravar a alma.

Descortinar o horizonte interior.

Na cesta, os ramos de flores atestam as singelezas da naturalidade da vida.

De beleza efêmera, mas necessária, nos mostram que as minúcias do cotidiano têm muito a nos ensinar.

O vento batendo no rosto vai limpando as asperezas da alma, em cada pedalar...

Seguir sem destino é quase uma missão.

A missão de tornar um sonho, realização...

Karina Alcantara

27 agosto 2011

Recordação



Olhou o espelho...

O que viu, foi a imagem da madureza dos anos refletida.

Ao tempo que analisava as mudanças que se processaram ao longo dos tempos, algumas lembranças assomaram à sua mente.

Viu-se no albor de seus 15 anos, quando o brilho dos olhos traduziam a expectativa do primeiro encontro.

O vestido longo de seda verde-água rebordado com delicados cristais, já a aguardava no quarto. Os cabelos escuros artisticamente penteados receberiam como arremate, uma diadema prateada.

O brilho discreto do par de brincos cuidadosamente escolhidos, harmonizava-se com a maquiagem recatada, o que ressaltava a angelitude de seus traços juvenis.

Tudo estava perfeito! Na verdade, era para estar, pois tratava-se da festa do seu noivado.

Eram tempos áureos, tão distantes e diversos dos dias de hoje.

Lembrou-se da caixa de retratos tão bem conservada e mantida guardada no armário, justamente para esses momentos saudosistas.

Estava lá aquela tão especial data, gravada e que ela fazia questão de rever sempre que a saudade apertava...

 

Karina Alcântara

            

24 agosto 2011

Olha o algodão-doce!!



Algodão-doce...

Lembra-me as doces noites da minha infância quando ouvia a buzina  ao longe, anunciando a chegada do vendedor de algodão-doce.

Era um senhor que adaptou em sua bicicleta, a máquina de fazer o algodão, e que saía à noitinha percorrendo os bairros adjacentes ao seu.

Recordo que ele passava no centro, onde eu morava, após 21:30hs, um pouco tarde, mas a molecada corria e ficava em torno dele assistindo a confecção do doce.

Era só acenarmos, ele parava a bicicleta, acendia o fogo, punha o açúcar numa cavidade própria, e começava a girar uma manivela.

Logo, logo, o perfume adocicado misturado à combustão do álcool adentrava nossas narinas. Como era mágico aquilo tudo!

Os primeiros fios doces iam formando-se e ele em um determinado momento, com maestria que lhe era peculiar, ajuntava os fios formando um todo, que lembrava uma nuvem. Então nos entregava sua obra de arte para degustarmos.

Lembranças saudáveis de uma infância que vai longe...

 

Karina Alcântara

            

Campo




Suave brisa sopra na despedida da tarde...

Efêmera e branda aguça a nostalgia quando traz em sua essência os olores do canteiro de camomilas...

O cheiro úmido da chuva da tarde em sincronia perfeita com a suave claridade a atravessar as gotículas pousadas nas pétalas aveludadas.

A terapêutica do campo faz silenciar em nós a turbulência causada pelas distorções urbanescas...

 

Karina Alcântara



22 agosto 2011

Efemeridade

        A leitura entretida no orvalhar da manhã absorveu todo seu foco.

        O dia amanhecera claro e límpido. O trinar dos pássaros foi um convite irrecusável para uma boa leitura ao ar livre.

        O capuccino morno caprichosamente preparado com a crocância maltada dos flocos de chocolate era sorvido calculadamente no permeio de linhas e entrelinhas...

        Estendida por sobre a relva ainda umedecida pelo orvalho da madrugada, uma toalha de xadrez vermelho arrematava o cenário bucólico.

        Sentada esquecida do tempo, servia-se da leitura alternadamente com a iguaria láctea.

        Os raios matinais como que massageavam sua pele fina e delicada, da mesma forma que reluziam as ruivas madeixas naturais espalhadas pelo linho róseo do seu vestido. Uma fita da mesma tonalidade do tecido prendia artisticamente uma porção do cabelo à altura da nuca emprestando-lhe um ar jovial.

        Os olhos esverdeados com longos cílios faziam um contraste singelo com a pele alva e rosada. Os dedos longos e delicados eram ágeis na condução das páginas que eram consumidas avidamente...

        Tão absorta estava que mal pôde sentir o tempo mudando. O passar das horas trouxe uma aragem mais fria que começou a soprar fazendo tremular a faixa do seu vestido. Foi então que um súbito arrepio a fez despertar para o mundo exterior, e percebeu a formação de nuvens plúmbeas no horizonte.

        Com pressa, fechou o livro marcando a página com um raminho de ecsória, levantou-se juntando a xícara e a toalha e apressou o passo demandando a casa.

        O vento tornou-se mais forte, balouçando sua vasta e sedosa cabeleira e ao alcançar o portãozinho de madeira já podia sentir os primeiros pingos de chuva.

        Correu para o quarto, colocou roupas quentes e meias e, enfiando-se debaixo de macias cobertas, pôde dar continuidade à sua silenciosa leitura...

 

Karina Alcântara




20 agosto 2011

Refrescância



A refrescância da fruta

Liquefeita em porções exatas...

A natureza esculturada

Pelas mãos de divino escultor,

Nos sugere a perfeita harmonia

De cores, texturas e sabores...

 

Karina Alcântara





19 agosto 2011

Prazer e inspiração


Prazer e inspiração

Aguçam as sensações em latência...

A cor reverencia o paladar

Em doce sincronia dos sentidos...

Karina Alcântara






Estrada do Sol (Alle Porte del Sole)


Já tenho coragem
Já estou em vantagem
O
medo me afasta de ti
O amor foi quem me fez assim

Buscava uma estrada
Estrada da vida
Em vez de encontrar o amor
Me achava perdida

E agora que sinto
Que essa busca se acaba
Eu peço meu bem
Que me leve também

Pela estrada do sol
Pelas ondas do mar
Aos caminhos que me deixem
Sempre perto de você
Na tristeza eu sonhei
Sua mão e a minha
Se apertando num carinho
Que custou tanto a chegar

Pela estrada do sol
Pelas ondas do mar
Aos caminhos que me deixem
Sempre perto de você
Primaveras de amor
Uma estrada de flores
Onde a vida nos sorria
E nos veja só cantar

(Composição de Gigliola Cinquetti, interpretada por Perla)



Primavera


Primavera com gosto de festa

Vem nos enebriar o sentido da visão.

Em gloriosa assunção de cores e olores

Singelo ramalhete anuncia a estação... 

Karina Alcântara



16 agosto 2011

Pai...



Numa infância pobre e humilde cresceu um menino...

O mais novo de uma família de quatro filhos, começava a trilhar seus pequenos passos que tinham como estrada a incerteza, a esperança e as dificuldades que lhe permeavam o caminho.

Não chegou a concluir o 1º grau, mas tinha como grandes aliados na sua longa trajetória, a inteligência e a certeza de vencer.

Enquanto primos experimentavam o conforto e as facilidades proporcionados pela condição financeira favorável, frente à luz vacilante de humilde lampião, encontramos nosso menino engolfado nos estudos, lutando contra os obstáculos impostos muito cedo à sua vida.

O tempo passou, o menino cresceu, virou homem, batalhador, responsável e determinado, galgando seus passos na construção dos pilares de seu futuro.

A inteligência e vivacidade desde cedo despontadas no seu caráter, foram cruciais no desenvolvimento de seu contexto profissional. Foi jornalista, fez história em sua profissão. Sem nunca pisar em cursos de línguas, não se enrolava com o francês e o latim. O dom da escrita era de se admirar e tornou-se no decorrer do tempo referencia e era procurado por muitos acadêmicos e profissionais para revisar seus trabalhos de conclusão de cursos de jornalismo.

Foi pai, avô, esposo e amigo. Foi profissional e extremamente humano... Venceu e soube usufruir sua vitória sem esquecer o próximo, pois a muitos ajudou com sua generosidade, dando oportunidades a muitos de construírem seu próprio futuro. Via todos com o coração mais que com os olhos...

Os espinhos de sua jornada não lhe endureceram o coração sensível, acentuando-se com a madureza, a sensibilidade de que era dotado.

Esse homem que tinha o dom da palavra e da escrita escreveu com sua luta as linhas de sua vida, que servirá de valiosa lição para todos nós.

Nos seus últimos anos já fragilizado pelo peso do tempo e com os cabelos encanecidos pela tinta dos anos, continuava conquistando a quem o conhecesse, finalizando assim, as últimas linhas de sua história.

E assim partiu, deixando saudades e um belo exemplo de vida a ser seguido e admirado.

Esse homem é José Araújo Mesquita, que acolheu-me em seus braços paternais como filha do coração. Uma pessoa que ao longo dos anos, aprendi a amar e admirar, e que agora, venho homenageá-lo no silêncio de minha dor...

Karina Alcântara

(The, 21/06/2003)