31 agosto 2011

Limonada



Limonada...

Refrescância que anima diante do calor abrasante.

Uma ótima pedida para os dias ensolarados de Teresina...



28 agosto 2011

Viver

Dia de festa!!                      

O colorido faz pouso em meu íntimo.

A insipidez cede lugar ao adocicado da vida.

Devesse pois, o existir basear-se em cores e sabores.

Daí seria tão fácil extrair da alquimia a felicidade da vida...

Karina Alcântara

            

Desbravar



A liberdade para desbravar a alma.

Descortinar o horizonte interior.

Na cesta, os ramos de flores atestam as singelezas da naturalidade da vida.

De beleza efêmera, mas necessária, nos mostram que as minúcias do cotidiano têm muito a nos ensinar.

O vento batendo no rosto vai limpando as asperezas da alma, em cada pedalar...

Seguir sem destino é quase uma missão.

A missão de tornar um sonho, realização...

Karina Alcantara

27 agosto 2011

Recordação



Olhou o espelho...

O que viu, foi a imagem da madureza dos anos refletida.

Ao tempo que analisava as mudanças que se processaram ao longo dos tempos, algumas lembranças assomaram à sua mente.

Viu-se no albor de seus 15 anos, quando o brilho dos olhos traduziam a expectativa do primeiro encontro.

O vestido longo de seda verde-água rebordado com delicados cristais, já a aguardava no quarto. Os cabelos escuros artisticamente penteados receberiam como arremate, uma diadema prateada.

O brilho discreto do par de brincos cuidadosamente escolhidos, harmonizava-se com a maquiagem recatada, o que ressaltava a angelitude de seus traços juvenis.

Tudo estava perfeito! Na verdade, era para estar, pois tratava-se da festa do seu noivado.

Eram tempos áureos, tão distantes e diversos dos dias de hoje.

Lembrou-se da caixa de retratos tão bem conservada e mantida guardada no armário, justamente para esses momentos saudosistas.

Estava lá aquela tão especial data, gravada e que ela fazia questão de rever sempre que a saudade apertava...

 

Karina Alcântara

            

24 agosto 2011

Olha o algodão-doce!!



Algodão-doce...

Lembra-me as doces noites da minha infância quando ouvia a buzina  ao longe, anunciando a chegada do vendedor de algodão-doce.

Era um senhor que adaptou em sua bicicleta, a máquina de fazer o algodão, e que saía à noitinha percorrendo os bairros adjacentes ao seu.

Recordo que ele passava no centro, onde eu morava, após 21:30hs, um pouco tarde, mas a molecada corria e ficava em torno dele assistindo a confecção do doce.

Era só acenarmos, ele parava a bicicleta, acendia o fogo, punha o açúcar numa cavidade própria, e começava a girar uma manivela.

Logo, logo, o perfume adocicado misturado à combustão do álcool adentrava nossas narinas. Como era mágico aquilo tudo!

Os primeiros fios doces iam formando-se e ele em um determinado momento, com maestria que lhe era peculiar, ajuntava os fios formando um todo, que lembrava uma nuvem. Então nos entregava sua obra de arte para degustarmos.

Lembranças saudáveis de uma infância que vai longe...

 

Karina Alcântara

            

Campo




Suave brisa sopra na despedida da tarde...

Efêmera e branda aguça a nostalgia quando traz em sua essência os olores do canteiro de camomilas...

O cheiro úmido da chuva da tarde em sincronia perfeita com a suave claridade a atravessar as gotículas pousadas nas pétalas aveludadas.

A terapêutica do campo faz silenciar em nós a turbulência causada pelas distorções urbanescas...

 

Karina Alcântara



22 agosto 2011

Efemeridade

        A leitura entretida no orvalhar da manhã absorveu todo seu foco.

        O dia amanhecera claro e límpido. O trinar dos pássaros foi um convite irrecusável para uma boa leitura ao ar livre.

        O capuccino morno caprichosamente preparado com a crocância maltada dos flocos de chocolate era sorvido calculadamente no permeio de linhas e entrelinhas...

        Estendida por sobre a relva ainda umedecida pelo orvalho da madrugada, uma toalha de xadrez vermelho arrematava o cenário bucólico.

        Sentada esquecida do tempo, servia-se da leitura alternadamente com a iguaria láctea.

        Os raios matinais como que massageavam sua pele fina e delicada, da mesma forma que reluziam as ruivas madeixas naturais espalhadas pelo linho róseo do seu vestido. Uma fita da mesma tonalidade do tecido prendia artisticamente uma porção do cabelo à altura da nuca emprestando-lhe um ar jovial.

        Os olhos esverdeados com longos cílios faziam um contraste singelo com a pele alva e rosada. Os dedos longos e delicados eram ágeis na condução das páginas que eram consumidas avidamente...

        Tão absorta estava que mal pôde sentir o tempo mudando. O passar das horas trouxe uma aragem mais fria que começou a soprar fazendo tremular a faixa do seu vestido. Foi então que um súbito arrepio a fez despertar para o mundo exterior, e percebeu a formação de nuvens plúmbeas no horizonte.

        Com pressa, fechou o livro marcando a página com um raminho de ecsória, levantou-se juntando a xícara e a toalha e apressou o passo demandando a casa.

        O vento tornou-se mais forte, balouçando sua vasta e sedosa cabeleira e ao alcançar o portãozinho de madeira já podia sentir os primeiros pingos de chuva.

        Correu para o quarto, colocou roupas quentes e meias e, enfiando-se debaixo de macias cobertas, pôde dar continuidade à sua silenciosa leitura...

 

Karina Alcântara




20 agosto 2011

Refrescância



A refrescância da fruta

Liquefeita em porções exatas...

A natureza esculturada

Pelas mãos de divino escultor,

Nos sugere a perfeita harmonia

De cores, texturas e sabores...

 

Karina Alcântara





19 agosto 2011

Prazer e inspiração


Prazer e inspiração

Aguçam as sensações em latência...

A cor reverencia o paladar

Em doce sincronia dos sentidos...

Karina Alcântara






Estrada do Sol (Alle Porte del Sole)


Já tenho coragem
Já estou em vantagem
O
medo me afasta de ti
O amor foi quem me fez assim

Buscava uma estrada
Estrada da vida
Em vez de encontrar o amor
Me achava perdida

E agora que sinto
Que essa busca se acaba
Eu peço meu bem
Que me leve também

Pela estrada do sol
Pelas ondas do mar
Aos caminhos que me deixem
Sempre perto de você
Na tristeza eu sonhei
Sua mão e a minha
Se apertando num carinho
Que custou tanto a chegar

Pela estrada do sol
Pelas ondas do mar
Aos caminhos que me deixem
Sempre perto de você
Primaveras de amor
Uma estrada de flores
Onde a vida nos sorria
E nos veja só cantar

(Composição de Gigliola Cinquetti, interpretada por Perla)



Primavera


Primavera com gosto de festa

Vem nos enebriar o sentido da visão.

Em gloriosa assunção de cores e olores

Singelo ramalhete anuncia a estação... 

Karina Alcântara



16 agosto 2011

Pai...



Numa infância pobre e humilde cresceu um menino...

O mais novo de uma família de quatro filhos, começava a trilhar seus pequenos passos que tinham como estrada a incerteza, a esperança e as dificuldades que lhe permeavam o caminho.

Não chegou a concluir o 1º grau, mas tinha como grandes aliados na sua longa trajetória, a inteligência e a certeza de vencer.

Enquanto primos experimentavam o conforto e as facilidades proporcionados pela condição financeira favorável, frente à luz vacilante de humilde lampião, encontramos nosso menino engolfado nos estudos, lutando contra os obstáculos impostos muito cedo à sua vida.

O tempo passou, o menino cresceu, virou homem, batalhador, responsável e determinado, galgando seus passos na construção dos pilares de seu futuro.

A inteligência e vivacidade desde cedo despontadas no seu caráter, foram cruciais no desenvolvimento de seu contexto profissional. Foi jornalista, fez história em sua profissão. Sem nunca pisar em cursos de línguas, não se enrolava com o francês e o latim. O dom da escrita era de se admirar e tornou-se no decorrer do tempo referencia e era procurado por muitos acadêmicos e profissionais para revisar seus trabalhos de conclusão de cursos de jornalismo.

Foi pai, avô, esposo e amigo. Foi profissional e extremamente humano... Venceu e soube usufruir sua vitória sem esquecer o próximo, pois a muitos ajudou com sua generosidade, dando oportunidades a muitos de construírem seu próprio futuro. Via todos com o coração mais que com os olhos...

Os espinhos de sua jornada não lhe endureceram o coração sensível, acentuando-se com a madureza, a sensibilidade de que era dotado.

Esse homem que tinha o dom da palavra e da escrita escreveu com sua luta as linhas de sua vida, que servirá de valiosa lição para todos nós.

Nos seus últimos anos já fragilizado pelo peso do tempo e com os cabelos encanecidos pela tinta dos anos, continuava conquistando a quem o conhecesse, finalizando assim, as últimas linhas de sua história.

E assim partiu, deixando saudades e um belo exemplo de vida a ser seguido e admirado.

Esse homem é José Araújo Mesquita, que acolheu-me em seus braços paternais como filha do coração. Uma pessoa que ao longo dos anos, aprendi a amar e admirar, e que agora, venho homenageá-lo no silêncio de minha dor...

Karina Alcântara

(The, 21/06/2003)

Tempo


Qual o tempo certo?

Como saber quando estamos prontos?

O que nos impulsiona para a luta diária em busca da realização de nossos projetos, seja pessoal, seja profissional, é a necessidade de realização interior.

Não podemos nos dar ao luxo de só irmos pra batalha quando estivermos prontos, visto que, o aprendizado é um processo que acontece nos tropeços e percalços do caminho. É um processo que nos burila cotidianamente, que em muitos momentos de nossa vida nos causa dor, frustrações, medo e até insegurança.

Mas muitos de nós, quando confrontados com esses desafios, tornam-se mais fortalecidos para os embates. Eis aí, a atitude acertada! Cultivar a perseverança em vez de entregarmo-nos à inércia e ao desengano faz a grande diferença no nosso processo de amadurecimento.

Não há aprendizado sem quedas, não há vitórias sem lutas, não há realização interior sem as lágrimas que lavaram nossa alma, nos tombos do caminho.

Por isso, o tempo de fazer acontecer, é sempre!


Karina Alcântara



11 agosto 2011

Sem comentários...


Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos a nos buscar

em outras metades.

 

Para viver a dois, antes, é necessário ser um.

Fernando Pessoa

Tempestades...



Minhas tempestades são de dentro pra fora! Avesso de mim mesma...
Muitos ventos sopram.
Dentro e fora de mim uivam lobos que não sou!
  Ventos nos umbrais janelas antigas, modernos varais..
O vento passa pela nossa janela e leva tudo, somente nossa alma resiste a tempestade.

Luciana Seloy

09 agosto 2011

Sonhos

 

Quantos sonhos feitos em pedaços...

Tanto esmero em mantê-los intactos

Das torpezas do desengano.

Muitos sonhos embalados,

Na canção do alvorecer

Mas que foram rechaçados

Antes mesmo de acontecer.

Karina Alcântara

08 agosto 2011

Vôo frágil

 Sem perceber vôo longe

Como pássaro buscando pouso

Pra tormentosa noite fria.

Que o sobressalta e fatiga.

Pego em frágil descuido

No limiar entre o dia e a noite,

Plano em franco alvoroço

Na tempestade, meu açoite...

Cada minuto uma sentença

Na nitidez do desengano.

Cada sentença uma esperança

No meu proceder insano...

Karina Alcântara

07 agosto 2011

Faina...

Mal o sol mostrou toda sua excelsitude, ela já se punha em seu trajeto matinal pelo singelo caminho de terra refrescada pelo orvalhar da madrugada.

A sandália trançada já surrada das labutas do cotidiano campesino, fazia jus às recomendações encomiásticas de seu artesão.

A aragem soprava diáfana, fazendo flanar por entre os rebordões viçosos, o níveo avental sobreposto ao xadrez lilás do vestido, que emprestava ao contexto bucólico, recatada moldura primaveril.

As longas madeixas castanhas deslizavam suaves ao longo de suas espáduas, o que a tornava mais encantadora. O sorriso fácil nos lábios rosados deixava entrever a fieira de dentes alvos, e o rubor das faces provocadas pelo calor da manhã, completavam o conjunto harmônico de sua beleza natural.   A candidez no par de olhos safirinos e amendoados, fazia encantar àqueles que os mirassem.

No vigor dos seus 15 anos, sua mocidade despontava altaneira e graciosa. Podia-se dizer de um anjo em visita à Terra.

Levava presa ao braço uma cestinha de vime trançado, a qual voltava cheinha de ramos de alfazema, para enfeitar o pequeno vaso que enfeitava a mesinha da cozinha.   

O perfume já evolava oriundo do solo tingido pelos pés de lavanda que naquela estação, encontravam-se floridos. Era seu local preferido. Ali, esquecia do tempo e entoava canções com sua voz maravilhosa enquanto, com suas delicadas mãos, quase translúcidas, colhiam ternamente cada ramo das perfumadas flores.

Após cheia a cestinha, voltava cantarolando pelo mesmo caminho, já a tempo de ouvir seu nome ser chamado da humilde casa que já avistava.

_ Marianne!!

Avistar seu anjo maternal, a cobre de felicidade indescritível e, correndo ao seu encontro, envolve-a em um amplexo amoroso, aquietando por assim dizer, o coração de mãe sufocado pela demora da filha.

E assim, dois corações ungidos pelo amor verdadeiro, demandam o interior da casa, para dar continuidade à faina diária que as aguardava...

Karina Alcântara

03 agosto 2011

Viagem literária

Mala literária, na sua mais estrita concepção...

Essa a bagagem que mais necessito pra minha viagem cultural.

Vou aonde a leitura me levar, onde o dom criativo me proporcionar o descortinar da emoção.

Sentir-se viva, plena, feliz em cada contexto desbravado nas linhas e entrelinhas, eis o meu intento...

Cada parágrafo uma perspectiva de vitória, de projeções ou simplesmente de inercial passividade frente aos fatos que me acorrentam à perplexidade.

Cada texto, um contexto...

Vou de um pólo a outro, a partir das escolhas que faço dentro dos universos literários que disponho.

Sigo assim, nessa dependência literária, um vício sadio que faço questão de fomentar dentro de mim, pois que me constrói e me anima.

É como fazer uma longa viagem, descortinando horizontes e estradeando em vias nunca dantes transcorridas, na busca de entretenimento e aperfeiçoamento interior sem nunca ter medrado distâncias...

Karina Alcântara





02 agosto 2011

Terapia do Sossego


Tem coisa melhor que ficar de bobeira preguiçando na cama?

Naqueles dias de feriado ou fins de semana com uma chuvinha fina na janela, o tempo frio, tirando aqueles micro-cochilos, na penumbra do quarto quentinho?

O tempo passando lá fora sem pressa e cá dentro, a modorra aumentando...

Tem momentos que precisamos mesmo desse tipo de terapia: terapia do sossego. Possibilitarmo-nos a calmaria interior é remédio curativo.

Aquietamos o corpo, a mente e a alma como protesto à agitação cotidiana das jornadas de trabalho e à cobrança excessiva que sobrepujam nossa liberdade de agir em determinados momentos que terminam por nos levar aos problemas e inquietações diários.

É o nosso grito de liberdade em busca da autonomia do poder ser e fazer o que se quiser, na hora que se desejar...

Permita-se a esses balsamizantes momentos! Pois a cura de muitos males interiores, começam a partir de nós mesmos!

Karina Alcântara