22 janeiro 2014

Á Beira da Fogueira



Tão baixinho, falou ao meu ouvido.
Sussurraram os seus lábios carmim
Frase de amor não chegaria ao fim.
É que a vida assim teria valido.

À sombra da centenária mangueira,
Fim de tarde, remexendo o passado,
Relembramos nosso tempo dourado,
No São João, à beira da fogueira.

Éramos par naquela brincadeira.
Nossas mãos apertadas e tão frias,
Os corpos queimavam de tal maneira,

Contê-los impossível, certamente!
Nada mudou, pude ver quando rias.
Os caminhos são outros, finalmente!



Antônio Nollêto

21 janeiro 2014

A Fantasia do Fim...



Tantas histórias para contar tenho!
Alguns fios de cabelos nessa hora.
O sol não brilha mais como o de outrora,
As marcas do tempo trago-as no cenho.

Eu não sei quantos sóis, tampouco as luas.
E ficaram para trás as estrelas.
Apagaram-se, não mais pude vê-las.
Iluminavam meu cantar nas ruas.

Volvendo auroras que foram faz dia,
Encontro numa, razão de inda ser:
Seu olhar onde mora a fantasia!

E nessa fantasia, sinto frio.
Sei o que fiz, natural merecer.
Não fazem bem os rancores, eu rio...



Antonio Nollêto


A Janela



O seu mundo, uma nesga de luar
Iluminar vai, um pouco o seu quarto.
Falar de uma solidão qual um parto,
Que dói fundo, mas não pode estranhar.

Um relógio, quadros pela parede,
Cortina que se esgarça, livro à mesa.
Ao canto, uma bíblia, uma surpresa:
Resto de vinho, uma mulher com sede...

Pela janela, essa tal e tão bela,
Que se escondeu no alvorecer da aurora.
Um olhar cativo faço à janela!

No embaraço de tantos pensamentos,
Uma ânsia louca me invade nessa hora:

Aonde escondeste os teus sentimentos?

Antonio Nolleto