31 maio 2011

O Homem e a Mulher




O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher é o mais sublime dos ideais.

Deus fez para o homem um trono.
Para a mulher, um altar.
O trono exalta.
  O altar santifica.

O homem é o cérebro; a mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz; o coração produz Amor.
A luz fecunda.
O Amor ressuscita.

O homem é forte pela razão.
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence.
As lágrimas comovem.

O homem é capaz de todos os heroísmos.
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece.
O martírio sublima.

O homem tem a supremacia.
A mulher, a preferência.
A supremacia significa a força.
A preferência representa o direito.

O homem é um gênio; a mulher, um anjo.
O gênio é imensurável; o anjo, indefinível.
Contempla-se o infinito.
Admira-se o inefável.

A aspiração do homem é a suprema glória.
A aspiração da mulher é a virtude extrema.
A glória faz tudo grande.
A virtude faz tudo divino.

O homem é um código.
A mulher, um evangelho.
O código corrige.
O evangelho aperfeiçoa.

O homem pensa.
A mulher sonha.
Pensar é ter no crânio uma larva.
Sonhar é ter na fronte uma auréola.

O homem é um oceano.
  A mulher um lago.
O oceano tem a pérola que adorna.
O lago, a poesia que deslumbra.

O homem é a águia que voa.
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.

O homem é um templo.
A mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos.
Ante o sacrário nos ajoelhamos.

Enfim, o homem está colocado onde termina a terra.
  E a mulher onde começa o céu.

Victor Hugo




Sensibilidade



Sensibilidade...

Fruto da alquimia do ser.

É cor que não desbota

É música que massageia

É cheiro que cura...

Cura as entranhas,

Faz da umbra

Noite estrelada.

Dos acordes,

O lirismo outonal...

Das dores que açoitam,

Faz a macieza constante

Da crueza gritante,

A candura da alma...

Karina Alcântara

24 maio 2011

Ilação



A descrença naquilo que me completa

Ascende-me às fronteiras da incredulidade

E, agasalhando-me em seu regaço,

Toma-me a fragilidade em seus braços.

Eu como que embalado, sonho                       

Feito menino em seu colo

Abstraído de toda a certeza

Que me teria urdido a sensatez.

No meu silêncio gritante,

Errôneo de toda conjectura

Busco a solidez de minhas verdades

E deparo-me com o vazio...

Destituído da razão que liberta

Agonizo nos grilhões do cárcere

De meus remorsos e inquietações

E ao sabor de minhas constatações,

Sigo enceguecido à sombra de minhas incertezas...

Karina Alcântara

19 maio 2011

Fuga



O fechar de olhos, reflete

A fuga do eu atormentado

Na descrença de tudo que verte  

De um sonhar demasiado.


Na sua inteira intangibilidade,

A realidade ecoa em outros brados

Silenciosos pra minh'alma insone

Num sorvedouro obstinado.

 

A busca de sentido completo

Na abstração da realidade,

Reflete vivas contradições

Desvirtuosas da verdade...


A projeção da expectativa

Frustrada num apelo intenso

Faz povoada a mente sã

Com a dúvida e o silêncio...

 

Que seja ele pois o espelho

Das minhas doces inquietações

E também o conselheiro sábio

Dos meus apelos e ilações...

Karina Alcântara