Mal o sol mostrou toda sua excelsitude, ela já se punha em seu trajeto matinal pelo singelo caminho de terra refrescada pelo orvalhar da madrugada.
A sandália trançada já surrada das labutas do cotidiano campesino, fazia jus às recomendações encomiásticas de seu artesão.
A aragem soprava diáfana, fazendo flanar por entre os rebordões viçosos, o níveo avental sobreposto ao xadrez lilás do vestido, que emprestava ao contexto bucólico, recatada moldura primaveril.
As longas madeixas castanhas deslizavam suaves ao longo de suas espáduas, o que a tornava mais encantadora. O sorriso fácil nos lábios rosados deixava entrever a fieira de dentes alvos, e o rubor das faces provocadas pelo calor da manhã, completavam o conjunto harmônico de sua beleza natural. A candidez no par de olhos safirinos e amendoados, fazia encantar àqueles que os mirassem.
No vigor dos seus 15 anos, sua mocidade despontava altaneira e graciosa. Podia-se dizer de um anjo em visita à Terra.
Levava presa ao braço uma cestinha de vime trançado, a qual voltava cheinha de ramos de alfazema, para enfeitar o pequeno vaso que enfeitava a mesinha da cozinha.
O perfume já evolava oriundo do solo tingido pelos pés de lavanda que naquela estação, encontravam-se floridos. Era seu local preferido. Ali, esquecia do tempo e entoava canções com sua voz maravilhosa enquanto, com suas delicadas mãos, quase translúcidas, colhiam ternamente cada ramo das perfumadas flores.
Após cheia a cestinha, voltava cantarolando pelo mesmo caminho, já a tempo de ouvir seu nome ser chamado da humilde casa que já avistava.
_ Marianne!!
Avistar seu anjo maternal, a cobre de felicidade indescritível e, correndo ao seu encontro, envolve-a em um amplexo amoroso, aquietando por assim dizer, o coração de mãe sufocado pela demora da filha.
E assim, dois corações ungidos pelo amor verdadeiro, demandam o interior da casa, para dar continuidade à faina diária que as aguardava...
Karina Alcântara
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