15 março 2011

Um Sonho



A escuridão que me alcançava não sei se era do meu interior...
Fato é que me encontrava percorrendo veredas desconhecidas e ermas buscando refugiar-me do que, eu não sabia identificar.
Adentrava em vielas, ruas e becos do que parecia ser uma pequena cidade...
Sentia minha respiração acelerada, tanto quanto as aflições que iam no meu íntimo.
Já dia claro, lembro de avistar uma simples moradia. Casinha branca, teto baixo igualmente à mureta que abrigava pequena portinhola.
Ao chegar, abri o portãozinho e à minha frente estava a fachada da casa com duas janelas de madeira e um corredor ao ar livre à direita. Logo à primeira porta à esquerda entrei. Uma pequena sala com algumas pessoas aguardando e algumas cadeiras vagas... Entrei, sentei e quase que intuitivamente, aguardei alguém.
Ouvia um vozerio imperceptível do outro lado da parede... Havia um corredor saindo da pequena sala de onde eu não tirava o olhar... Eis que assomou à sala vindo do corredor, um rapaz que olhou pra mim e fez um sinal para que o acompanhasse. O fiz quase mecanicamente, sem titubear e de cabeça baixa...
Saímos da casa demandando a rua. Em frente à casa passava uma estrada de terra, e só agora dei-me conta que ali era um lugar alto. Saímos conversando lado a lado primeiramente silenciosamente, tempo que me facultou a observação do lugar onde nos encontrávamos... Nas proximidades, nenhuma outra construção. À nossa direita, podíamos apreciar a vista panorâmica. O encontro do céu com o verde tapete natural era de uma beleza acalentadora...
Caminhávamos lado a lado e em certo momento, ele passou o braço em meu ombro, o que correspondi o abraço. Entendi que naquele momento eu já podia começar a narrativa das minhas aflições. Ele me escutou até o final sem questionamentos nem interrupções... Ao terminar minha preleção, ele estacou e me virou de frente pra ele. E a emoção tomou conta de mim quando nossos olhares se cruzaram... Imediatamente fui arrebatada por forte sentimento de carinho, amizade e confiança... Um amor fraternal numa intensidade nunca antes sentida de minha parte... Seu olhar era um misto de ternura e seriedade. Eu podia perceber que ele tinha grande ascendência moral sobre mim pelo respeito que sua presença me infundia.
Só então eu pude observá-lo. Pele alva, olhos escuros e muito expressivos, cabelos pretos bem penteados à moda tradicional. Ele me dava a impressão de o conhecer de há muito tempo, de sermos velhos conhecidos...
Pude desfrutar durante sua companhia, das energias salutares dos seus muitos conselhos sábios. Seu verbo fácil era o lenitivo que eu precisava para o fortalecimento de minhas bases espirituais.
Perguntei seu nome e ele falou: Alexandre!
Então nos despedimos com um longo abraço, e com afabilidade ofereceu-me sua disponibilidade no momento em que eu desejasse. E acrescentou que eu sabia onde encontrá-lo...
Acordei com as impressões mais profundas desse encontro, e que ainda perduram na minha alma...
Não vi asas, não vi halo, mas sua grandeza espiritual paira muito acima da minha...

Karina Alcântara

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